O hotel Laje de Pedra, palco de tantas vivências, passa por retrofit e ressurgirá como o primeiro Kempinski da América do Sul
Durante décadas, o hotel Laje de Pedra foi o ícone da hospitalidade gaúcha no Brasil e no mundo. Recebeu a elite econômica, política e cultural brasileira – foi palco da assinatura do Tratado do Mercosul, em 1992, de inúmeros festivais de música e de eventos de transformações sociais. Foi, brilhantemente, um lugar à frente do seu tempo.
Pouco antes da pandemia, encerrou suas atividades e foi adquirido pela LDP Canela, dos sócios José Paim de Andrade, José Ernesto Marino e Márcio Carvalho, que viram o potencial do local e da região, e firmaram parceria com a rede hoteleira de luxo mais prestigiada da Europa, a Kempinski.
– Luxo é experimentar a cultura local de maneira elegante e sofisticada. A Kempinski não é uma rede de hotelaria, é uma coleção de hotéis que são ícones em cada país. O Laje de Pedra vai ser uma expressão da cultura rio-grandense para o mundo – diz o sócio, José Paim de Andrade.
Como resultado, o Kempinski Laje de Pedra unirá a excelência em hospitalidade da empresa alemã ao requinte da tradição gaúcha em um conceito de segunda residência inédito no Brasil. O empreendimento, em fase de obras, reunirá apartamentos sofisticados e um hub de serviços e experiências exclusivas enraizadas na cultura, na história e na identidade local.
– Os proprietários das Kempinski Residences poderão aproveitar o imóvel em Canela, locar quando não estiver em uso ou permutar para viajar pelo mundo – resume o sócio José Ernesto Marino.
O retrofit
Para se transformar em um empreendimento de nível global, o atual prédio do Laje de Pedra passa por um retrofit, nome técnico dado a um projeto que mantém certas características do local, ao mesmo tempo em que é renovado em outros aspectos. O investimento inicial foi de R$ 500 milhões.
– É um empreendimento concebido para ecoar o sotaque gaúcho e do sul da América do Sul. O Kempinski Laje de Pedra é uma espécie de farol que marca o Rio Grande do Sul no mapa mundial da alta cultura e do turismo de luxo – diz o sócio Márcio Carvalho.
A inauguração do Kempinski Laje de Pedra será em 2026. Hoje, no local do empreendimento, em Canela, é possível usufruir de experiências gastronômicas e culturais, como o Restaurante 1835, o Bar do Laje, o Wine Bar, exposições da Galeria do Laje, a vista para o Vale do Quilombo, um dos cenários mais deslumbrantes do país, além de conhecer os apartamentos modelo, as Kempinski Residences, que farão parte do futuro hotel.
Um hotel que embalou os sonhos de gerações
Unindo um cenário exuberante a uma estrutura luxuosa, o Laje de Pedra revolucionou o turismo.
As histórias do Laje de Pedra e de Canela, por vezes, parecem se confundir. Afinal, a mesma paisagem arrebatadora que encantou o fundador da cidade, fazendo-o perseguir o sonho de levar uma ferrovia e o progresso à região, também inspirou seu neto a erguer lá o hotel que consolidaria a vocação turística de Canela, atrairia a elite cultural brasileira e mudaria para sempre a economia e a sociedade no Rio Grande do Sul.
Quando João Corrêa Ferreira da Silva concluiu a aquisição de todo o território de Canela, ainda no início do século 20, já tinha clareza sobre o tesouro que tinha em mãos. Um belvedere natural, à beira de um penhasco de mais de 400 metros de altura, com uma vista de tirar o fôlego. Coube ao neto do fundador de Canela levar o sonho adiante, em 1966.
Na década de 1970, o projeto ganhou um aliado de peso. Corrêa Pinto associou-se ao empresário Péricles de Freitas Druck, do Grupo Habitasul. Estava aberto o caminho para a concretização do sonho. Os primeiros esboços do hotel foram desenhados por Oscar Niemeyer, que por incompatibilidade de agenda, acabou indicando o amigo e arquiteto Edgar Graeff para o desafio. As obras tiveram início em 1975, e as formas modernistas do prédio em concreto chamavam a atenção de quem passava por Canela.
Quando o hotel 5 estrelas foi concluído, seus 250 quartos praticamente dobraram a capacidade hoteleira da região, consolidando o Rio Grande do Sul como um dos principais destinos turísticos do Brasil. A inauguração oficial ocorreu em 26 de novembro de 1978, em uma homenagem ao aniversário de Corrêa Pinto. A decoração e a mobília do hotel foram feitas pelo artista plástico Vitório Gheno, que completou 100 anos recentemente. Gheno também foi a mente brilhante por trás da lareira suspensa que, hoje, é vista no Restaurante 1835 e seguirá no futuro empreendimento.
– Foram anos de muita satisfação pessoal e profissional pra mim, pois me dediquei sobremaneira àquele hotel monumental, cuja decoração de luxo e design imobiliário especial consistiram no melhor projeto de criação que assinei – relata Gheno.
A década de 1980 alçou o Laje de Pedra a um patamar inédito. Por duas ocasiões foi eleito o melhor hotel do Brasil. Um dos marcos desse período foi a organização da Festa Nacional do Disco, que começou a ser realizada no Laje de Pedra a partir de 1981. O evento foi um sucesso, reunindo grandes nomes da música brasileira.
A década de 1990, por sua vez, viu o Laje de Pedra conquistar projeção internacional e ter papel de destaque na integração da América do Sul. O Mercosul ainda engatinhava quando, em fevereiro de 1992, o hotel sediou o encontro dos presidentes dos países formadores do bloco – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai –, além do chanceler do Chile. Juntos, os mandatários assinaram a Declaração de Canela, unificando o posicionamento ambiental dos países formadores do Mercosul. O documento seria apresentado à Organização das Nações Unidas (ONU) quatro meses depois, na Rio-92.
– Foi um acontecimento espetacular para uma cidade como Canela, uma cúpula de quatro presidentes da República. Se fosse um só já era grandioso, imagina quatro. Tivemos que fazer inúmeras reformas no hotel, de acordo com as exigências do Itamaraty. Nós tivemos, inclusive, que transformar as suítes, juntamos quatro apartamentos para cada presidente – lembra Péricles Druck, um dos idealizadores e proprietário do antigo hotel.
A pandemia da Covid-19 impôs ao Laje de Pedra a necessidade de se reinventar. Em 2020, o Grupo Habitasul anunciou o fechamento do hotel e a doação de todo o enxoval à prefeitura de Canela e ao hospital da cidade, em meio ao auge da crise sanitária. No ano seguinte, foi oficializada a venda do empreendimento à LDP Canela Empreendimentos e Participações S/A. O grupo anunciou um projeto ambicioso para entregar a Canela e ao Rio Grande do Sul um Laje de Pedra ainda mais sofisticado
Pois agora, em meio às comemorações dos 45 anos da inauguração do hotel, crescem as expectativas para um novo marco na cidade, que promete ser tão transformador quanto aquele de 1978: o desembarque na América do Sul da mais tradicional rede de hotéis de luxo da Europa, a Kempinski, que fará a operação do Kempinski Laje de Pedra. O Kempinski Laje de Pedra preservará a essência do hotel que revolucionou o turismo no Rio Grande do Sul, aliando-o ao que há de mais moderno e luxuoso.
– Vai ser um momento histórico para nós. Não só para Canela. Vai ser um momento histórico para o Rio Grande do Sul – afirma
Alexandre Selau, funcionário do antigo Laje de Pedra, que conheceu o hotel como poucos e permanece atuando na estrutura do futuro Kempinski Laje de Pedra. Morador de Canela há 40 anos, Selau testemunhou em primeira mão o impacto do empreendimento na comunidade. Começou a trabalhar no Laje de Pedra ainda adolescente, na década de 1990. Hoje, em meio às obras de retrofit que devolverão o hotel a todo o seu esplendor, administra as áreas de visitação que abrigam, entre outras atrações, o Restaurante 1835 e o deck do Laje de Pedra.
– O hotel certamente faz parte da vida de muitas pessoas. Temos muitos antigos hóspedes que seguem nos visitando. Esse carinho que as pessoas têm pelo Laje é muito forte – relata Selau.
Surge um novo Laje de Pedra
Com 125 anos de excelência no mercado hoteleiro de luxo e presença em mais de 30 países, a Kempinski se prepara para iniciar sua operação na América do Sul, no antigo Hotel Laje de Pedra, em Canela. A rede hoteleira europeia chega com o know how de aliar a elegância do velho mundo com o que há de único em cada região.
– Um dos pilares da cultura da Kempinski é oferecer às pessoas a vivência local e todas as suas unicidades. Logo, nenhum Kempinski é igual ao outro. E nada melhor do que se integrar ao Laje de Pedra, com seus 45 anos de história e o seu legado. Todo o projeto de interiores é voltado à tradição e aos costumes gaúchos. Então, dizemos que o Laje de Pedra vai renascer com o valor que merece – relata o diretor comercial do empreendimento, Cezar Haik.
O retrofit do Kempinski Laje de Pedra é um projeto ambicioso, que manterá os traços arquitetônicos e características mais marcantes do prédio, como os arcos das janelas externas e até a deslumbrante lareira criada pelo artista plástico Vitório Gheno, acrescentando linhas modernas e contemporâneas ao seu visual, sem perder a identidade ou a integração com a bela paisagem do Vale do Quilombo.
A transformação do local tem as assinaturas de grandes nomes da arquitetura brasileira, como os escritórios Perkins & Will, Anastassiadis Arquitetos e Sergio Santana.
– Ao projetar um marco mundial do turismo de luxo, não poderíamos apagar as quatro décadas de história do Laje de Pedra, mas enaltecê-las e celebrá-las. Para além das vantagens ambientais, o retrofit permite também revitalizar construções antigas preservando características originais, mantendo viva a memória desses espaços – explica Douglas Tolaine, Diretor de Design da Perkins & Will.
Internamente, os quartos serão derrubados, dando lugar às Kempinski Residences, apartamentos modernos e sofisticados, ideais para quem deseja uma segunda residência para lazer em família, moradia ou investimento imobiliário. Ou seja, mais que se hospedar, será possível ser proprietário de um imóvel de padrão Kempinski e usufruir dos serviços e comodidades exclusivas da bandeira alemã.
Os apartamentos, com metragens que variam de 53m² até 220m², são decorados e mobiliados com sofisticação padrão internacional. O design de interiores é assinado por Patricia Anastassiadis. A arquiteta explica que seu projeto integra a materialidade dos Campos de Cima da Serra, fazendo uma reverência às formações basálticas, à vegetação nativa e até mesmo às cores do entorno do hotel.
– O ponto de partida foi entender a materialidade do local e, assim, traduzir isso nos elementos a serem utilizados. Desde o basalto, que começa no hall de entrada, fazendo uma alusão aos rochedos e ao cânion, até a relação com a própria canela, que é a árvore que dá nome à cidade, tudo está presente nesse passeio pelo lobby de entrada até a área de estar – relata.
A beleza interna e a que circunda o hotel se conectam por meio da infraestrutura oferecida. O complexo contará com cinco bares, quatro restaurantes, lojas, delicatessen padrão internacional, academia e spa com vista para o vale, além de piscinas aquecidas, centro de convenções, teatro com mais de 400 lugares - operado pelo Grupo Opus - e outros espaços de convivência.
À disposição dos proprietários, estarão os serviços de concierge e a Lady in Red, uma exclusividade Kempinski. Com amplo conhecimento sobre o empreendimento e a região onde está, o que permite atingir um alto grau de individualidade nos atendimentos, as damas de vermelho podem aconselhar sobre os melhores lugares para cada desejo, inclusive os de última hora, e ainda oferecer experiências não esperadas, porém sempre bem-vindas e memoráveis.
Navegue por todas as operações do futuro Kempinski Laje de Pedra.
Sob medida para cada estilo de vida
No Kempinski Laje de Pedra, o modelo de aquisição das Kempinski Residences é sob medida, ou seja, de acordo com o tempo de uso e a necessidade de cada família.
– Quando a gente fala de imóvel de férias, ou segunda, terceira, quarta residência, é muito mais inteligente você aderir à cultura da economia compartilhada. Você pode perguntar para qualquer pessoa que tem uma residência de férias: quanto tempo ela utiliza esse imóvel? O tempo médio é de duas a três vezes ao ano, no máximo. Então, trazemos um modelo para mostrar para esse público que eles podem usar e comprar de forma inteligente, contando com todos os serviços de luxo da Kempinski para administrar esse patrimônio – comenta Haik.
Em sua primeira fase, que será entregue em 2026, o empreendimento irá inaugurar 128 Kempinski Residences.
– Além de todos os serviços e comodidades oferecidas pela Kempinski, os proprietários das Kempinski Residences também podem usufruir de uma série de vantagens e benefícios, como a ThirdHome, um programa de intercâmbio de propriedades de luxo que possui mais de 15 mil opções em mais de 100 países. Então, você pode utilizar a sua residência aqui em Canela para trocar por estadia em outros lugares ao redor do mundo – relata o diretor comercial.
Outro benefício diferencial é o Programa Discovery Kempinski, que concede aos proprietários das residências tarifas especiais, ofertas e atendimento diferenciado em mais de 800 sofisticados hotéis em 40 países.
– O projeto é muito convidativo a grandes empresários do país e, a cada dia, outros vão chegando. O pertencimento a comunidades exclusivas é a grande busca deste público. Nossos clientes fazem parte de algo único, de uma história que começa a ser contada no Brasil – conta Haik.
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Atrativos atuais
O retrofit do Kempinski Laje de Pedra está em andamento, mas já se pode experimentar um pouco do que será o futuro Kempinski Laje de Pedra. No local onde o hotel será lançado, atrações gastronômicas e culturais estão disponíveis para a apreciação de visitantes, futuros hóspedes e moradores.
– As pessoas que visitam o Laje de Pedra hoje já têm uma prova do que vai ser no futuro. Quando entregarmos a operação do hotel, daqui a pouco mais de 2 anos, teremos nove operações gastronômicas aqui dentro. Uma delas, já está em operação: o Restaurante 1835, uma steak house que é uma das melhores do Brasil. Temos fila de espera de três, quatro meses, e está lotado todos os dias. Também temos toda uma estrutura auditiva, sensorial, olfativa, em que cada cliente conhece toda a história do Laje de Pedra em uma sala imersiva 4D, galeria de arte e apartamentos modelo para visitação – finaliza Haik.
A transformação do prédio do antigo Hotel Laje de Pedra se dá sob a proteção de “Casulo”, uma obra de arte da artista visual Heloisa Crocco. Trata-se de uma instalação de 200 metros de comprimento e sete metros de altura, que envelopa o empreendimento durante o seu retrofit.
Kempinski: Tradição e luxo da hotelaria europeia
Mais antiga empresa hoteleira de luxo da Europa, a Kempinski carrega um legado de excelência e exclusividade de 125 anos. Seu portfólio inclui mais de 80 hotéis e residências em 36 países, como os prestigiados Hotel Adlon Kempinski, em Berlim, o Kempinski Mall of the Emirates, em Dubai, o Grand Hotel des Bains Kempinski St. Moritz, na Suíça, e o Çiragan Palace Kempinski, em Istambul.
O grupo, hoje com sede em Genebra, na Suíça, começou sua trajetória em Berlim, na Alemanha, em 1897. Seu fundador, Berthold Kempinski, era um comerciante de vinhos e restaurateur que construiu seus primeiros empreendimentos em torno da gastronomia e da ideia de promover boas experiências aos seus hóspedes, aliando alto padrão de conforto e autenticidade local.
Em 2017, a rede finalmente aportou nas Américas, com a inauguração do luxuoso Gran Hotel Manzana Kempinski La Habana, em Cuba. Já o Kempinski Laje de Pedra será o primeiro da grife na América do Sul, inserindo a cidade gaúcha a um selecionadíssimo portfólio de destinos turísticos.
Enquanto viaja o mundo à procura de novos destinos, a Kempinski preserva uma condição: a exclusividade. Isso explica o fato de o grupo ser extremamente seletivo, escolhendo cuidadosamente os locais e as propriedades durante o seu crescimento global – sendo, inclusive, pioneiro como bandeira de luxo em muitos países. Cada novo endereço precisa se encaixar perfeitamente na constelação Kempinski, atendendo previamente à combinação de singularidade e potencial para se tornar um destino desejável. Em meados de 2023, por exemplo, o grupo anunciou mais uma operação no sudeste asiático, o The Apurva Kempinski Ubud, um magnífico refúgio no topo de uma colina no coração de Bali, em uma das partes mais pitorescas da ilha, perto dos terraços de arroz esmeralda e das plantações de café da vila de Tegalalang.
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