Fonte imagem da capa: Site oficial da prefeitura de Canela
A arquitetura europeia começou a se destacar no Brasil a partir das imigrações do século XIX. Colonizadores, especialmente alemães e italianos, trouxeram suas técnicas e estilos de construção, criando um novo panorama arquitetônico no Sul do país.
Enquanto outras regiões do Brasil seguiam influências portuguesas e barrocas, o Rio Grande do Sul viu crescer edifícios e residências que remetem diretamente aos estilos alpinos e germânicos, caracterizados por telhados inclinados e madeira aparente.
A arquitetura europeia no Brasil é visível em diversas partes do país, mas é na Serra Gaúcha onde encontramos um dos maiores acervos arquitetônicos de influência germânica. Além de Canela, cidades como Gramado e Nova Petrópolis se destacam pela preservação dessas tradições.
A arquitetura europeia no Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul carrega uma herança arquitetônica profundamente marcada pela imigração europeia, especialmente de alemães e italianos, que deixaram um legado visível nas construções locais. Cidades como Canela e Gramado são exemplos vivos dessa influência, onde estilos como o enxaimel e o neoclássico predominam, cada um trazendo suas particularidades que enriquecem a paisagem da Serra Gaúcha.
O estilo enxaimel, trazido pelos imigrantes alemães, é caracterizado pelo uso de estruturas de madeira aparente preenchidas com tijolos ou pedras. Essa técnica, bastante comum na Alemanha Medieval, foi adaptada no Brasil para utilizar materiais locais, mas sem perder a identidade estética original.
As construções enxaimel são facilmente reconhecidas pelos seus telhados inclinados, muitas vezes com múltiplos níveis, que foram projetados para suportar grandes quantidades de neve e chuva, características climáticas da Europa Central. Em cidades como Canela, esse estilo foi não apenas preservado, mas integrado a novos imóveis que valorizam a tradição europeia da região.
Já o estilo neoclássico, trazido principalmente pelos italianos, remete à arquitetura clássica greco-romana e se destaca pela sua simetria, colunas imponentes e detalhes ornamentais refinados. No Rio Grande do Sul, esse estilo é facilmente encontrado em casarões antigos e igrejas, transmitindo uma sensação de grandiosidade e sofisticação.
As fachadas são frequentemente adornadas com frontões triangulares e janelas amplas, revelando a influência do Renascimento italiano. Em Canela, o neoclássico se mistura com elementos contemporâneos, formando uma harmoniosa combinação entre o antigo e o novo, o que reflete a evolução arquitetônica da região.
Um ícone do modernismo brasileiro em meio à arquitetura de influência europeia da Serra Gaúcha
O Laje de Pedra, projetado pelo renomado arquiteto modernista Edgar Graeff, é um marco na paisagem da Serra Gaúcha, em Canela, por suas características diferenciadas em relação às construções predominantemente influenciadas pela arquitetura europeia da região.
Ao contrário dos estilos enxaimel e neoclássico comumente vistos em cidades vizinhas, como Gramado, o Laje de Pedra expressa a essência do modernismo brasileiro, privilegiando linhas limpas, funcionalidade e uma profunda integração com a natureza ao redor.
Fonte: Acervo Habitasul
Graeff trouxe ao projeto conceitos que priorizavam a simplicidade e a relação entre a construção e o ambiente natural. As grandes janelas de vidro, os amplos espaços abertos e a utilização de materiais como concreto e pedra visam maximizar a vista deslumbrante dos vales e montanhas da Serra Gaúcha, mantendo uma conexão visual com o entorno.
Fonte: Acervo Habitasul
Essa abordagem é um verdadeiro diferencial arquitetônico, pois contrasta com os estilos europeus que predominam na região e reforça a singularidade do Laje de Pedra em seu contexto local.
Com o retrofit, essa identidade modernista será preservada e aprimorada. Assim, o projeto de revitalização respeita a visão original de Graeff, mantendo o equilíbrio entre o luxo, o conforto e a integração com a paisagem no Kempinski Laje de Pedra.
Para alcançar essa harmonia, o projeto contou com a colaboração de três renomados escritórios de arquitetura: Perkins & Will, responsável pelo desenho arquitetônico, Anastassiadis Arquitetos, que assina os interiores, e Sérgio Santana Planejamento e Desenho da Paisagem, encarregado do paisagismo.
O Perkins & Will, reconhecido mundialmente, foi premiado em 2022 com o DNA Paris Design Award na categoria Arquitetura de Hospitalidade, pelo projeto inovador do Kempinski Laje de Pedra. Esse reconhecimento internacional reflete a abordagem global do escritório, que combina inovação e respeito às características locais.
Já os interiores, projetados por Patricia Anastassiadis, equilibram o design sofisticado com materiais que remetem à natureza e à história da Serra Gaúcha, como basalto, madeira e couro. Por fim, o paisagismo de Sérgio Santana integra a beleza natural do Vale do Quilombo aos espaços do hotel e das residências, criando uma conexão fluida entre o ambiente externo e interno.
Juntos, esses três grandes nomes transformaram o Kempinski Laje de Pedra em um ícone da arquitetura de luxo, respeitando a história e a memória do local enquanto reimaginam o futuro do turismo e da hospitalidade na Serra Gaúcha.
A influência da arquitetura europeia na Serra Gaúcha não só moldou o cenário das cidades de Canela e Gramado, como também definiu uma identidade única que combina tradição e inovação.
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